A Mom's Letter (Denilce Luca)
Filha, hoje
você faz perguntas e não ouve mais minhas respostas. Quando pergunta. É hora de
te deixar. E também de deixar você me odiar pois muitas coisas você ainda não entende. Mas isso não importa, pois meu
sentimento por você sempre bastou por nós duas.
Um dia você
crescerá de verdade. Terá seus bebês.
É o ciclo
da vida talvez.
Até hoje
cruzes carreguei por você para que você não sofresse. Cubri seus olhinhos pra
que você não visse o que pudesse te fazer sofrer.
Mas chegou
a hora de você ser mulher. E, ainda, talvez não entenda muitas coisas. E, como disse, até me odeie em alguns momentos. Porém deixarei que me odeie até que passes na vida por
tudo o que ela tão impiedosamente quer que você passe.
Nos piores
momentos de sua vida não estarei ao seu lado por impotência, respeito ou
impossibilidade. Mas deixa que minha dor eu mesma carrego. A sua já está
insuportável demais. Quisera eu poder continuar carregando todas essas cruzes,
filha. Mas mamãe não pode. Ou não consegue.
Mamãe só
pede que você tenha sabedoria e paciência, filha. Quando chegar o momento de
você ler a vida da forma a me entender eu ainda estarei a seu lado. E nesse
momento estaremos mais próximas do que nunca. Isso porque a vida já nos será
mais piedosa. Mas por pouco tempo. Na maior parte de sua vida te amei de longe,
mas isso pouco importa.
O tempo é
relativo, minha filha. Não chore não, meu bem. A gente faz dele o que quer. Fiz
dos momentos em que eu podia te acalentar eternos. Dos que eu não podia te
tocar transformei em segundos.
Em pouco tempo não estarei mais com você, filha. Mas escute, minha querida: farei isso
devagar. Perceberás que terei pequenas ausências, mesmo estando com meu corpo
ao seu lado. Terás que me ensinar novamente a fazer coisas simples. Quem sabe
um café.
Filhinha, a
mamãe, não importa onde esteja, sempre lhe oferecerá o ventre para lhe acolher...
e sempre pacientemente desatará todos os nós de seus cabelinhos.
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