'Avesso' by Denilce Luca (ilustração José Almada Negreiros)
Sinto mais forte na carne as invisíveis chibatadas da vida
Tantas dores sofridas, antes acolhidas e acalentadas
Lágrimas e choros abafados no colo quente, tão perto do útero que um dia acolheu esse corpo que também morre a cada dia...
Clamo agora no vazio
Talvez a deuses eternos e etéreos
Invisíveis como as chibatadas que me cortam
Sussurro ao léu
Tudo é escuro, tudo é vazio
Até que um dia, no avesso do avesso, eu possa nascer do outro lado
Talvez novamente brotando do teu útero
Sentindo o calor que guardei dentro de mim como pequena chama que arde fazendo viver a lembrança
Lembrança eterna
Dor eterna
Até que os eternos deuses etéreos escutem minhas súplicas
E finalmente me levem ao avesso do avesso
Talvez onde estejas, onde decerto não há carne, nem chibatadas, nem dor.
Que beleza!
ResponderExcluirAcredito que um dia, toda dor será aliviada, e toda pergunta terá uma resposta.
Aguardemos...
Obrigada Ana! Fico muito feliz que tenha gostado! Forte abraço!
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