"Sexy Lady II" by Denilce Luca
quinta-feira, 26 de junho de 2014
'Avesso' by Denilce Luca (ilustração José Almada Negreiros)
Sinto mais forte na carne as invisíveis chibatadas da vida
Tantas dores sofridas, antes acolhidas e acalentadas
Lágrimas e choros abafados no colo quente, tão perto do útero que um dia acolheu esse corpo que também morre a cada dia...
Clamo agora no vazio
Talvez a deuses eternos e etéreos
Invisíveis como as chibatadas que me cortam
Sussurro ao léu
Tudo é escuro, tudo é vazio
Até que um dia, no avesso do avesso, eu possa nascer do outro lado
Talvez novamente brotando do teu útero
Sentindo o calor que guardei dentro de mim como pequena chama que arde fazendo viver a lembrança
Lembrança eterna
Dor eterna
Até que os eternos deuses etéreos escutem minhas súplicas
E finalmente me levem ao avesso do avesso
Talvez onde estejas, onde decerto não há carne, nem chibatadas, nem dor.
Sinto mais forte na carne as invisíveis chibatadas da vida
Tantas dores sofridas, antes acolhidas e acalentadas
Lágrimas e choros abafados no colo quente, tão perto do útero que um dia acolheu esse corpo que também morre a cada dia...
Clamo agora no vazio
Talvez a deuses eternos e etéreos
Invisíveis como as chibatadas que me cortam
Sussurro ao léu
Tudo é escuro, tudo é vazio
Até que um dia, no avesso do avesso, eu possa nascer do outro lado
Talvez novamente brotando do teu útero
Sentindo o calor que guardei dentro de mim como pequena chama que arde fazendo viver a lembrança
Lembrança eterna
Dor eterna
Até que os eternos deuses etéreos escutem minhas súplicas
E finalmente me levem ao avesso do avesso
Talvez onde estejas, onde decerto não há carne, nem chibatadas, nem dor.
sábado, 12 de abril de 2014
"Eterno" by Denilce Luca
Quando era uma mulher de tantos e poucos
anos parei para ver onde estava.
Incapaz de me localizar no Tempo e no
Espaço percebi tão-somente que me distanciava da vida.
Por estar envelhecendo talvez.
Mais perto da chamada Morte e cada vez mais
longe do que chamam Vida sentia mais amenas as dores, menos intensas as
alegrias.
Tomada por um torpor anestésico. Assim eu estava.
Imersa em devaneios que davam a minha
mente um incomensurável tamanho e faziam meu corpo como que definhar lenta e
sofregamente.
Desprovida de qualquer senso dimensional em
vão tentava tocar meu próprio corpo.
Sentia-me levitar apenas.
Tomei plena consciência de minha própria
evanescência.
Enfim agora não há mais Tempo, não há mais Espaço,
não há mais som, não há mais palavras.
Restaram essas poucas que aqui deixo para
que leias, para que apenas leia, sem tentar compreender algo.
Essas últimas palavras que guardei para aqui
deixar são as que sempre ecoarão, em qualquer dimensão. Desafiando qualquer Tempo,
qualquer Espaço. Qualquer crença, qualquer verdade, qualquer deus, qualquer
limite.
Em breve estarás comigo meu amor.
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
"A Estrelinha" by Denilce Luca
Era uma vez uma Menina.
Como muitas outras meninas ela queria ser uma estrela.
A Menina pediu que sua família a ajudasse a tornar-se uma Estrelinha.
Seu pedido foi negado, mas ao perceber que a Menina todas as noites fitava as estrelas com lágrimas em seus pequeninos olhos, a família resolveu ceder.
Subiram todos no ponto mais alto que conheciam, a sacada da Casa Rosa.
Era, claro, Noite, quando todas as estrelas se mostravam e a Casa Rosa estava vazia.
Durante o dia a Casa Rosa era habitada por muitas crianças. Mamãe levava a Menina todos os dias até a Casa Rosa para que a pequena lá fizesse amigos e aprendesse algo sobre a vida. Mas a pequena Menina chorava muito. Não tinha amigos na Casa Rosa. Nem fora dela. Suas amigas eram as estrelas. Somente as estrelas.
E foi por isso que, cansada de ver a Menina tanto chorar, a família cedeu aos pedidos da pequena.
A pequena Menina subiu no colo de Papai, o mais forte e mais alto. Ele poderia impulsionar o salto da pequena ao encontro de suas amigas.
Assim foi feito. Um pequeno impulso de Papai. O olhar atento de Mamãe e um aceno do Irmão.
A Menina era agora uma Estrelinha.
Lá longe, no céu, com suas amigas, Estrelinha brilhava feliz.
O Tempo passou e as crianças da Casa Rosa cresceram. Nenhuma delas nunca perguntou sobre a Menina. Nenhuma delas sabe o que aconteceu. Na Casa Rosa ensinavam às crianças que não se devia perder tempo olhando o céu. Havia coisas mais importantes a se fazer.
Assim, ninguém notou que havia mais uma estrelinha no céu. Porque ninguém conta estrelinhas. Ninguém olha para o céu. Há coisas mais importantes a se fazer...
Era uma vez uma Menina.
Como muitas outras meninas ela queria ser uma estrela.
A Menina pediu que sua família a ajudasse a tornar-se uma Estrelinha.
Seu pedido foi negado, mas ao perceber que a Menina todas as noites fitava as estrelas com lágrimas em seus pequeninos olhos, a família resolveu ceder.
Subiram todos no ponto mais alto que conheciam, a sacada da Casa Rosa.
Era, claro, Noite, quando todas as estrelas se mostravam e a Casa Rosa estava vazia.
Durante o dia a Casa Rosa era habitada por muitas crianças. Mamãe levava a Menina todos os dias até a Casa Rosa para que a pequena lá fizesse amigos e aprendesse algo sobre a vida. Mas a pequena Menina chorava muito. Não tinha amigos na Casa Rosa. Nem fora dela. Suas amigas eram as estrelas. Somente as estrelas.
E foi por isso que, cansada de ver a Menina tanto chorar, a família cedeu aos pedidos da pequena.
A pequena Menina subiu no colo de Papai, o mais forte e mais alto. Ele poderia impulsionar o salto da pequena ao encontro de suas amigas.
Assim foi feito. Um pequeno impulso de Papai. O olhar atento de Mamãe e um aceno do Irmão.
A Menina era agora uma Estrelinha.
Lá longe, no céu, com suas amigas, Estrelinha brilhava feliz.
O Tempo passou e as crianças da Casa Rosa cresceram. Nenhuma delas nunca perguntou sobre a Menina. Nenhuma delas sabe o que aconteceu. Na Casa Rosa ensinavam às crianças que não se devia perder tempo olhando o céu. Havia coisas mais importantes a se fazer.
Assim, ninguém notou que havia mais uma estrelinha no céu. Porque ninguém conta estrelinhas. Ninguém olha para o céu. Há coisas mais importantes a se fazer...
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
"Buried Sorrow" by Denilce Luca - desenho feito com as mãos e pés na areia da praia, detalhes com galhos e conchas.
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
"Tempo" by Denilce Luca
Contigo quero todos os pecados
Quero amar com pressa e aos poucos
Quero pele, cheiro e gozo
Quero tudo muito
Quero olhar, tocar, beijar
Quero abraçar
Quero ficar
Mas preciso ir.
E vou.
E o Tempo passa.
O Tempo não gosta de pecados.
Tampouco a distância.
Aliados vêm o Tempo e a Distância a me roubar a vida
A me roubar pecados...
O Tempo passa.
A Distância fica.
A mim resta lembrar...
Lembrar com dor e vontade
Rezando para o Tempo então passar e outra vida chegar
Rezando para que nessa nova vida você chegue depressa
E eu, sem pressa, possa enfim contigo pecar
Contigo quero todos os pecados
Quero amar com pressa e aos poucos
Quero pele, cheiro e gozo
Quero tudo muito
Quero olhar, tocar, beijar
Quero abraçar
Quero ficar
Mas preciso ir.
E vou.
E o Tempo passa.
O Tempo não gosta de pecados.
Tampouco a distância.
Aliados vêm o Tempo e a Distância a me roubar a vida
A me roubar pecados...
O Tempo passa.
A Distância fica.
A mim resta lembrar...
Lembrar com dor e vontade
Rezando para o Tempo então passar e outra vida chegar
Rezando para que nessa nova vida você chegue depressa
E eu, sem pressa, possa enfim contigo pecar
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